Kailash Satyarthi libertou 80 mil crianças escravas na Índia, uma missão reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz junto a Malala Yousafzai
Nova Deli - Ativista social com formas "gandhianas", Kailash
Satyarthi libertou 80 mil crianças escravas na Índia,
uma missão reconhecida nesta sexta-feira com o Prêmio Nobel da Paz junto à paquistanesa Malala Yousafzai.
Seu trabalho já havia sido destacado com várias premiações, como o
Prêmio Internacional de Direitos Humanos do Centro Robert F. Kennedy, dos
Estados Unidos; o Prêmio Internacional Direitos Humanos Fredric Ebert, da
Alemanha; e o Prêmio Internacional Alfonso Comin, da Espanha.
Nascido em 11 de janeiro de 1954 na cidade de Vidisha no estado indiano
de Madhya Pradesh, Satyarthi abandonou sua carreira como engenheiro elétricista aos 26 anos para lutar contra o trabalho infantil na década de 80. Em 1983,
fundou a ONG Bachpan Bachao Andolan (ou Movimento para Salvar a Infância) na
Índia, que, com 50 milhões de trabalhadores, é o país com a maior incidência de
trabalho infantil.
A organização de Satyarthi realiza batidas em oficinas e fábricas onde é
usada mão de obra infantil, em algumas ocasiões sem informar à polícia o lugar
exato para evitar que avisem aos criminosos.
Foi responsável por criar o selo "Rugmark" que certifica que
os tapetes indianos vendidos no exterior não foram fabricados com mão de obra
infantil. Além disso, organiza campanhas de conscientização com protestos que
seguem o modelo pacífico de Mahatma Gandhi. Mas a luta deste ativista
ultrapassou as fronteiras indianas e ele ajudou a fundar a Marcha Global contra
o Trabalho Infantil.
"Lembro que quando comecei a lutar contra do exploração infantil há
mais de 20 anos, o número global chegava a 250 milhões de crianças e caiu para
os 168 milhões. As crianças escravas perdem toda sua infância, aspirações,
futuro, oportunidades, educação e, o mais importante, sua liberdade ",
advertiu à Agência Efe Satyarthi em recente entrevista.
"O crescimento e a economia de mercado não podem prosperar
respaldando a escravidão e o tráfico infantil. Não podemos fazer este mundo
melhor, mais pacífico e apto para viver tendo o peso da escravidão infantil não
nas costas, mas bem na sua frente", reivindicou.
Quando Narendra Modi,
que em sua infância trabalhou vendendo chá, foi eleito primeiro-ministro em
maio, Satyarthi tuitou: "Um menino vendedor de chá desafia seus opositores
e se transforma no líder da Índia. Agora, é seu papel garantir que nenhuma
criança seja forçada a trabalhar".
Fonte: Exame
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