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Crianças vulneráveis a abusos sexuais em escolinhas de futebol no Brasil

Sem “legado da Copa”, casos de abuso e tráfico de jovens jogadores persistem em clubes e escolinhas.
Deputados cobram da CBF acordo firmado com CPI em 2014

Nesta terça-feira, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados promoveu uma audiência pública para debater abuso e exploração sexual de crianças no futebol brasileiro. No entendimento dos deputados que compareceram à reunião, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deixou de cumprir um pacto firmado em 2014 com a CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em que se comprometia a adotar 10 medidas para evitar abusos sexuais e tráfico de jovens jogadores em categorias de base e escolinhas. Na época, a ideia era aproveitar a ocasião da Copa do Mundo para deixar um legado à proteção dos direitos infanto-juvenis no Brasil. Porém, mais de três anos depois da assinatura do acordo pelo então presidente da entidade, José Maria Marin, a comissão concluiu que a CBF efetivou parcialmente apenas duas medidas sugeridas pela CPI.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), que presidiu a CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o não cumprimento do pacto significa “um desrespeito ao Congresso Nacional e às vítimas de abusos sexuais cometidos por treinadores, massagistas, olheiros e dirigentes”. O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que, em 2014, acompanhava José Maria Marin no momento da assinatura do acordo como vice-presidente da entidade, foi chamado para prestar esclarecimentos na audiência, mas não compareceu. A confederação tampouco enviou representantes ao encontro, assim como o Ministério do Esporte – que não justificou a ausência do ministro Leonardo Picciani. O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, alegou que um problema de saúde o impediu de viajar a Brasília e sustentou que a entidade está honrando o acordo. No entanto, os membros da Comissão apontam que não encontraram indícios do cumprimento integral das medidas por parte da confederação.

“Das 10 ações propostas, a CBF só cumpriu duas: campanhas educativas e criação de um grupo interno de trabalho, que não produziu nenhum resultado. Então, a CBF foi desonesta e tem sido desonesta ao não enfrentar a discussão”, afirma Kokay.  A deputada observa que há um grave quadro de violações de direitos infanto-juvenis em escolinhas e clubes espalhados pelo país. Desde 2011, foram registrados pelo menos 102 casos de abuso sexual relacionados ao futebol, com base em um levantamento de ocorrências policiais e processos na Justiça. Autoridades estimam que esse número seja muito maior, já que violências sexuais contra crianças e adolescentes, sobretudo do sexo masculino, ainda são pouco denunciadas. A reportagem do EL PAÍS solicitou ao Ministério dos Direitos Humanos dados do Disque 100, serviço que registra denúncias de violência sexual, mas não recebeu o detalhamento de informações referentes a casos ligados ao futebol.
Leia a reportagem completa em El Pais

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