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Da lida na roça quando criança à luta contra o trabalho infantil - Entrevista



A história de Antonio de Oliveira Lima com o trabalho infantil começa na zona rural de Morada Nova, onde nasceu. Ajudava o pai agricultor na escolha de grãos de arroz e feijão, tirando palha de milho e em outras tarefas artesanais que eram feitas em casa. Aos 7 anos, mudou-se com a família para o distrito de Antônio Diogo, no município de Redenção, onde deu início aos estudos. Um ano depois, começou a trabalhar na roça, assim como os pais e os irmãos. Escola pela manhã, trabalho à tarde.
A rotina cansativa, difícil de administrar, e a distância de casa até a escola, muitas vezes o impediam de realizar as atividades escolares. No início da década de 1980, a seca castigava o Nordeste, fazendo com que o trabalho na roça exigisse cada vez mais e rendesse cada vez menos. O pai dizia que precisavam aumentar o trabalho por causa da seca, e Antonio quase abandonou os estudos. Além do tempo e do cansaço, faltava dinheiro para o caderno, o lápis e a borracha.
Contra todas as adversidades, conseguiu terminar seus estudos e prestar vestibular para o Curso de Direito na Universidade Federal do Ceará (UFC), onde se formou em 1995. A trajetória no Ministério Público do Trabalho (MPT) começa em Alagoas, atuando em áreas como Administração Pública e no combate ao trabalho escravo. De volta a Fortaleza, deu início ao Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (PETECA), que para além da sigla tem esse nome por duas outras razões: a primeira, uma junção entre dois outros nomes – Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) -; e a segunda é o próprio significado lúdico do jogo, que se trata de uma grande colaboração entre seus participantes para não deixar a peteca cair.
Hoje, Antonio é procurador do Ministério Público do Trabalho no estado do Ceará e gerente nacional do Projeto Resgate à Infância, que busca conscientizar e sensibilizar a comunidade escolar e a sociedade, em geral.
Do trabalho precoce e extenuante na própria infância ao combate à exploração do trabalho infantil. Uma luta quase solitária, grande parte da sociedade ainda não enxerga o problema. Uma cultura que Antonio batalha todos os dias para desmistificar. Como fica claro em uma das frases finais da conversa que eu e o Igor de Melo tivemos com ele na sede do Ministério Público do Trabalho no Ceará: “É caminhando que se faz o caminho.”
Leia a entrevista completa em: Revista Vós

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